<$BlogRSDUrl$> Meu humor atual - i*Eu

sábado, setembro 20, 2003




Essa tua mania de andar a por ai a partir corações como quem parte baralhos de cartas...

( sim, está tudo ligado... )

segunda-feira, setembro 15, 2003



Estou á tua espera num sítio onde as palavras já não magoam, não ferem, não sobram nem faltam. Esse sítio existe.

domingo, setembro 14, 2003

e tudo fica mais lindo por causa do amor... 

Tentou uma vez e depois várias e depois já não conseguia deixar de tentar. Por mais que tentasse não conseguia. Não valia a pena tentar. Ele sabia que não conseguia.
Tentava, sabendo de antemão que não conseguia. Sabia que se enganava na tentativa, que não havia maneira de conseguir chegar lá. Voltava e repetia, recomeçava sabendo que tinha de voltar atrás. Ele sabia que não havia maneira de chegar lá.
Não nos foi dado conseguir chegar lá, dizia, e não entendia. Deram-nos só a tentativa, a absurda tentativa de chegar lá, protestava, sabendo que ninguém iria concordar. Quase feitos para chegar lá, repetia, mas sem nunca poder chegar lá. Feitos para recomeçar, não para acabar. Feitos para voltar atrás, mas não ao mesmo começo. Feitos para procurar o que não se pode encontrar por não se saber sequer o que se procura, e não poder perguntar porque nem a pergunta se saber perguntar.
A vida é o que é, e nós somos quase nada. Ou então somos nós que somos tudo e a vida que temos muito pouco sempre a passar. Ou então o que nós somos é esse quase chegar lá sem conseguir chegar lá e voltar atrás e recomeçar sempre por outro começo, pensava ele, cada dia de uma maneira diferente para não cansar.
Quando olhas para uma cara podes ver o sorriso nascer-lhe na boca. Mas também podes ver os ossos do crânio onde se fixam os músculos da cara. Não é um bom exemplo, ele sabia, só que não conseguia melhor. O que tu vês é uma tentativa sem chegares a ver o que está lá. Se fechares os olhos é melhor. Se fechares os olhos, então ficas mais perto, um bocadinho mais perto de chegar lá, aconselhava o homem que não conseguia.
Se conseguisses era para descobrires que não havia nada para descobrires; se chegasses lá vias logo que não era ali que querias chegar; se chegasses lá não conseguias voltar atrás, ficavas lá, onde não querias ficar. Era mesmo o pior que te podia acontecer, sabendo que não conseguia dizer exactamente o que queria.
Uma explicação também é uma tentativa para chegar lá, mais conseguida ou menos conseguida, mas que não consegue chegar lá. Porque há diferençaas de alcance, não convém ignorar. E há até coisas só para entreter, coisas preciosas, porque é preciso tentar esquecer, embora não se consiga. Sem esquecer que lá por haver muitas maneiras de viajar, não as há boas e más. Num teatro, por exemplo, há bons lugares. É fácil de ver, são os que se esgotam primeiro. Mas o que há é muita diferença entre saber que não se consegue chegar lá. Mas não se consegue deixar de saber, insistia o homem que não conseguia. Nem dizer o que se quer dizer quando se diz que não se consegur chegar lá. Mas deve-se tentar.
Só quando adormecia, mas assim não vale. Quem dorme não é quem está acordado, nem somos nós sequer que adormecemos, dizia, sem conseguir que o entendessem.
Afinal não era nada em especial, nada que tivesse um nome e se pudesse chamar, nem uma coisa qualquer que faltasse ou então que estivesse a mais. É que não se sabe o que é isso que não se consegue, sabe-se só que não se consegue chegar lá, por muito que se tente, e é imperioso continuar, como se fosse a um lugar, como se fosse a outro sítio e não ao mesmo que não se pode deixar.
Ninguém consegue chegar lá. Mas tu deves de quando em quando descansar, e sorria só de pensar. Tem confiança nos teus pés que sabem andar e não os foi preciso ensinar. Não é preciso chegar lá. As coisas são como são e nós estámos cá.

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